(PORTUGUESE) LATINO-AMERICANOS DISCUTEM ‘FASE COMPLICADA’ EM CÚPULA

COMMENTARY ARCHIVES, 17 Dec 2008

Fabricia Peixoto

BBC Brasil em Brasília

Um grupo de 29 chefes de Estado da América Latina e do Caribe reúne-se nesta terça-feira (16/Dezembro) na Bahia para uma série de discussões cujo tema central é a integração e o desenvolvimento da região.

Segundo especialistas, o encontro de dois dias não poderia acontecer em momento mais apropriado: em meio a desentendimentos entre vizinhos e frente a uma grave crise financeira global.

O Brasil, principal economia da região, tem questões diplomáticas importantes pendentes com Bolívia, Equador e Paraguai. Isso sem falar na falta de sintonia com a Argentina no que diz respeito à Rodada Doha de comércio internacional e aos tradicionais impasses do Mercosul.

Os conflitos vão além da esfera brasileira. Uruguai e Argentina, por exemplo, não conseguem chegar a um acordo sobre o próximo representante da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). O governo uruguaio chega a considerar a hipótese de abandonar o grupo caso a Argentina insista na idéia de colocar o ex-presidente Néstor Kirchner como candidato a secretário-geral do grupo.

Argentina e Uruguai vivem há dois anos uma disputa em torno da construção de uma fábrica de papel e celulose à beira do rio Uruguai, limite entre os dois países. A Argentina, que é contra o projeto, levou o assunto à Corte Internacional de Haia.

Fase complicada

"Do ponto de vista político, a situação nunca esteve tão complicada na região", diz a economista Sandra Polónia Rios, da Ecostrat Consultores.

Segundo ela, existe uma dicotomia entre o ambiente político e econômico na região: enquanto o comércio e os investimentos entre latinos têm crescido significativamente, a integração política passa por sérias dificuldades.

Na avaliação de Sandra, a maior projeção política e econômica do Brasil fez aumentar a percepção, entre os vizinhos, de que é o Brasil quem tem de ceder. "Esses países passaram a exigir mais do Brasil e a questionar sua liderança", diz.

O professor Williams Gonçalves, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) diz que a situação tende a piorar em 2009, em função da crise financeira.

"Vão faltar recursos para cumprir programas sociais e, além disso, comércio e investimentos não crescerão na mesma velocidade. A tendência é de relações mais tensas", diz o professor da UFF.

Oportunidade

Gonçalves vê a Cúpula como uma oportunidade para lidar com esses percalços "de frente".

"O encontro não vai resolver os problemas, mas é uma chance para os mandatários reafirmarem certos compromissos", diz.

A idéia da Cúpula da América Latina e do Caribe (Calc) partiu do presidente Lula e foi apresentada aos outros líderes da região em fevereiro – antes, portanto, do agravamento da crise financeira.

O diretor do Departamento de Aladi (Associação Latino-americana de Integração) do Itamaraty, Paulo Roberto França, diz que não houve uma motivação pontual, mas sim de "reforçar o diálogo".

Segundo ele, os 33 países representados na Cúpula estão trabalhando em uma declaração conjunta, que será divulgada durante o encontro. Entre os temas estão a crise financeira, energia e alimentos.

França negou que a Cúpula seja um contraponto à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), iniciativa da qual os Estados Unidos fazem parte. "A Calc não é contraponto a nada. Nossa agenda é positiva", disse ele.

Há dois meses, durante visita a Cuba, o presidente Lula disse que a Cúpula seria a primeira vez que os países da região sentariam juntos “sem a interferência de ninguém”.

Ainda não se sabe, porém, se a Calc se transformará em fórum permanente, com uma agenda própria. "Estamos estudando a possibilidade", diz França.

Agenda

Os próximos dois dias vão ser movimentados na Costa do Sauípe. Além da Calc, acontece ainda a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, além de reuniões do Grupo do Rio e da Unasul.

Na reunião do Mercosul, os mandatários vão aprovar ou não a proposta de criação do Código Aduaneiro e a extinção da cobrança múltipla da Tarifa Externa Comum (TEC).

Já na reunião do Grupo do Rio será formalizada a entrada de Cuba como membro permanente. Criado em 1986, o grupo tem hoje a participação de 19 países da América Latina e do Caribe.

Por fim, os membros da Unasul terão de chegar a um consenso sobre o próximo secretário-geral do bloco, o que depende basicamente de um entendimento entre Uruguai e Argentina.

GO TO ORIGINAL

Share this article:


DISCLAIMER: The statements, views and opinions expressed in pieces republished here are solely those of the authors and do not necessarily represent those of TMS. In accordance with title 17 U.S.C. section 107, this material is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving the included information for research and educational purposes. TMS has no affiliation whatsoever with the originator of this article nor is TMS endorsed or sponsored by the originator. “GO TO ORIGINAL” links are provided as a convenience to our readers and allow for verification of authenticity. However, as originating pages are often updated by their originating host sites, the versions posted may not match the versions our readers view when clicking the “GO TO ORIGINAL” links. This site contains copyrighted material the use of which has not always been specifically authorized by the copyright owner. We are making such material available in our efforts to advance understanding of environmental, political, human rights, economic, democracy, scientific, and social justice issues, etc. We believe this constitutes a ‘fair use’ of any such copyrighted material as provided for in section 107 of the US Copyright Law. In accordance with Title 17 U.S.C. Section 107, the material on this site is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving the included information for research and educational purposes. For more information go to: http://www.law.cornell.edu/uscode/17/107.shtml. If you wish to use copyrighted material from this site for purposes of your own that go beyond ‘fair use’, you must obtain permission from the copyright owner.

Comments are closed.