(PORTUGUESE) FAVELAS BRASILEIRAS NA MÍDIA

COMMENTARY ARCHIVES, 28 Sep 2009

Martim S Silveira

Uma História de Estereótipos

1. Introdução

A palavra “favela”, no Brasil, não é somente usada para indicar os bairros mais pobres dos centros urbanos do país. Ela tem em si uma conotação negativa, já que serve também para descrever qualquer lugar “de mau aspecto” ou uma “situação que se considera desagradável ou desorganizada”, conforme definição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Houaiss & Villar, 2001).

Isto indica claramente a posição desvantajosa que as favelas ocupam no imaginário popular brasileiro, para o qual elas representam muito mais que um simples fenômeno social. Assim, além de servirem de lar, em geral, para camadas mais pobres da população e receberem pouca ou nenhuma atenção do Estado no que diz respeito à infraestrutura e serviços básicos, as favelas se tornam um alvo fácil para os estereótipos: são freqüentemente associadas à pobreza, ignorância, baixa escolaridade, enfermidade, insalubridade e, em especial, criminalidade. Esta visão distorcida tem um efeito profundo, pois acaba criando um pesado estigma sobre seus moradores, que enfrentam uma dupla exclusão social: não só não gozam de plena cidadania (já que não têm acesso integral aos serviços do Estado), como também são tachados de marginais – ou seja, ficam à margem da sociedade.

É inegável que as favelas são zonas afetadas por exemplos diários de violência direta, conforme estatisticamente se observa ou se pode ver nos noticiários. No entanto, o mesmo senso comum que vincula a imagem de um “morador de favela” à de um “criminoso” não é capaz de perceber que a grande maioria daqueles que habitam as favelas são cidadãos comuns e trabalhadores sem relação com o crime. Esse raciocínio também não consegue enxergar a ligação entre criminosos oriundos de favelas e ricos chefões de “famílias tradicionais”, que comandam vastos grupos de crime organizado e recrutam seus “soldados” entre as camadas pobres da sociedade brasileira.

Por último, e mais importante, essa visão estereotipada invisibiliza o fato de que a violência direta no Brasil afeta, mais que ninguém, aos próprios trabalhadores pobres (especialmente os negros ou mulatos) que vivem nas favelas – segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, estas são as típicas vítimas da criminalidade no país (PNUD, 2005).

Estes estereótipos, no entanto, não são um fenômeno recente. Eles são decorrentes de um longo processo de marginalização das favelas e seus moradores por parte do Estado, dos sucessivos governos locais e federais e das classes mais abastadas. E, ao longo da História, um dos principais meios de geração, difusão e manutenção das idéias que associam as favelas à criminalidade tem sido a imprensa brasileira.

Ao basear sua cobertura nos mecanismos daquilo que Jake Lynch e Annabel McGoldrick (2005, 2007) classificam de “Jornalismo de Guerra” – ou seja, a cobertura linear, que só narra eventos sem considerar seu contexto; que prioriza fontes oficiais em detrimento dos cidadãos comuns; que credita a violência ao suposto barbarismo de quem a comete; e que só enxerga o dualismo em uma disputa, uma luta do “bem” contra o “mal” –, a mídia no Brasil vem ajudando a perpetuar os estereótipos sobre as favelas.

Este ensaio pretende justamente demonstrar esta equação ao analisar a cobertura da imprensa brasileira sobre as favelas e seus moradores sob a lente dos conceitos do “Peace Journalism” [“Jornalismo para a Paz”] defendidos por Lynch e McGoldrick (2005, 2007).

Para tal, primeiramente contextualizaremos as favelas no Brasil, apresentando suas características, descrevendo sua gente e oferecendo um breve histórico. Também apresentaremos a imprensa brasileira, abordando sua relação histórica com as favelas. Para uma análise mais detalhada desta relação, tomaremos como exemplo a cobertura dos confrontos ocorridos no início de fevereiro de 2009 entre a Polícia Militar e os moradores de Paraisópolis (a segunda maior favela da cidade de São Paulo).

Buscaremos, num primeiro momento, destacar o vocabulário usado para descrever os moradores desta favela e os confrontos ocorridos. Também tentaremos identificar os enfoques e as contradições da cobertura. Posteriormente, destacaremos da cobertura dos eventos de Paraisópolis as linhas gerais pelas quais se dá a atual relação da mídia com as favelas, demonstrando como um retrato parcial e sem equilíbrio contribui para a manutenção da imagem negativa das mesmas, naquilo que constitui um claro exemplo de violência cultural, como proposto por Galtung (1996:2-8).

2. Contextualização

2.1. As Favelas

Formalmente, o que define uma favela no Brasil é o fato de que suas casas são construídas sem autorização legal, ou seja, que seus moradores não possuem título de propriedade nem das construções, nem dos terrenos que estas ocupam. Informalmente, no entanto, são reconhecidas por ser um conjunto de casas construídas sem planejamento e com pouco ou nenhum acesso a serviços públicos básicos, como luz, água encanada e saneamento.

Elas variam muito em tamanho, podendo ser constituídas por alguns casebres de madeira onde vivem algumas dezenas de famílias; ou por inúmeras quadras de casas de alvenaria e ruas asfaltadas, abrigando centenas de milhares de pessoas. Muitas se localizam em periferias de difícil acesso, a quilômetros do centro das cidades. Outras ocupam áreas onde geralmente não há especulação imobiliária, como encostas de morros, beiras de córregos poluídos, áreas alagáveis, redondezas de lixões e áreas vazias sob viadutos.

No entanto, naquilo que constitui um dos maiores paradoxos sociais do Brasil, as favelas também se encontram encravadas em meio a bairros tradicionais – muitas vezes de altíssimo padrão – margeadas por avenidas com muito tráfego, grandes lojas, agências bancárias, o que lhes oferece uma fachada de “quase normalidade”. Por trás da aparência habitual, porém, esconde uma rede de vielas tortuosas, onde são erguidas casas humildes, de tijolos expostos, lata ou madeira, que crescem verticalmente devido à falta de espaço.

Hoje, algumas possuem um mínimo de infraestrutura básica e status legal, recebendo as mesmas benesses dos bairros tradicionais: numeração das casas e serviço postal, asfaltamento, postos de saúde. Paradoxalmente, também é possível encontrar em seu interior verdadeiras “mansões”, fruto do progresso financeiro de seus proprietários e da legalização dos seus lotes – medida que os governos locais tomam ocasionalmente como forma de inclusão social.

O quadro geral, no entanto, é desolador. Com o crescimento da indústria e do setor de serviços vivido pelos Brasil nas últimas duas décadas, houve um aumento do fluxo migratório das zonas rurais para as urbanas. Este deslocamento não foi acompanhado de políticas de absorção desta população ao mercado de trabalho, o que acarretou a ocupação ilegal de novas áreas sem infraestrutura e o conseqüente surgimento de novas favelas (Costa Mattos, 2007).

2.2. Os Moradores das Favelas

As favelas são habitadas pelas camadas mais pobres da população brasileira, constituída por uma população migrante, saída das zonas mais pobres do país em busca de trabalho nas principais cidades. Em sua maioria, gente com baixa escolaridade, sem emprego formal ou com um trabalho formal não-qualificado. Sua média salarial é consideravelmente inferior à do restante dos bairros.

Em 2007, o governo brasileiro se viu forçado, por erro no modelo estatístico, a rever os números oficiais de moradores destas zonas – elevando-os de 6,4 para 12,3 milhões de pessoas, distribuídos em 3,2 milhões de domicílios (Folha de S. Paulo, 2009b). Ao mesmo tempo, a ONU divulgou um estudo que estabelecia a população das favelas brasileiras em 52,3 milhões de pessoas em 2005 (UN-Habitat, 2006).

2.3. As Origens das Favelas

As favelas são um fenômeno complexo, surgido como conseqüência de muitos fatores ao longo da história. Em suas origens, no entanto, podemos encontrar duas razões principais: a abolição da escravatura, em 1888 (o que torna o Brasil o último país do mundo a ter rechaçado esta prática); e o crescimento industrial das principais cidades do país, em especial o Rio de Janeiro, à época capital nacional (Costa Mattos, 2007).

É preciso considerar que a abolição da escravatura não foi tão benevolente quanto parece, já que este ato governamental não veio acompanhado de nenhuma medida que visasse incluir socialmente ou ao menos dar uma vida digna aos ex-escravos – em sua maioria, negros vindos da África ou nascidos como posse de um fazendeiro. Deste modo, esta enorme população foi jogada às ruas e deixada à própria sorte, sem ter meios legais de se inserir na sociedade, conseguir trabalho formal, ganhar seu sustento e poder pagar ou construir sua moradia.

A esta situação somou-se a atração que a incipiente indústria de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo exercia no fim do século XIX. Como estes núcleos urbanos não tinham estrutura para acomodar novos moradores, a saída encontrada pelos ex-escravos foi ocupar o entorno destas cidades, dando início ao crescimento desordenado das favelas e a seu histórico de abandono e acosso por parte das autoridades.

Hoje em dia, após o crescimento exponencial das grandes cidades brasileiras, as favelas foram absorvidas pelo núcleo urbano formal, abrindo caminho para imagens urbanas paradoxais, nas quais arranha-céus modernos dividem a paisagem com barracos.

2.4. A Mídia Brasileira

No outro lado da equação que este ensaio pretende analisar se encontra a imprensa nacional. Os grandes nomes dos meios de comunicação são empresas de grande porte, caracterizadas, porém, por terem administração familiar e capital fechado.

O maior grupo nacional de comunicações é a Rede Globo, dona do canal de TV mais rico e visto do país (TV Globo); do jornal O Globo e da Rádio Globo, ambos de influência nacional; da revista semanal Época; do popular portal de internet Globo.com; e de inúmeras outras operações no Brasil e no exterior.

O segundo grupo de comunicação é o Grupo Abril, proprietário de inúmeros títulos impressos, incluindo a revista semanal mais influente do país, a Veja. Além destas empresas, existe também o Grupo Folha, dono do jornal de maior circulação no país (a Folha de S. Paulo) e sua versão na internet (Folha Online); do maior jornal financeiro (o Valor Econômico); e do maior portal de internet do país (o UOL). Concorrendo diretamente pelo mercado nacional também está o Grupo Estado, que imprime o influente jornal O Estado de S. Paulo (Associação Nacional de Jornais, 2007).

O setor de comunicação no Brasil enfrenta uma grave crise financeira há anos, com profundo endividamento e quebras. Em 2002, uma mudança na Constituição permitiu a participação de capital estrangeiro na administração das empresas do setor, até um limite de 30%, fato até então proibido por se considerar a imprensa nacional um setor estratégico para o Brasil. Posteriormente, argumentando-se que só uma grande injeção de capital salvaria a mídia nacional de sua crise e evitaria sua venda a grupos estrangeiros (Observatório da Imprensa, 2003), o governo do recém-eleito Presidente Luís Inácio Lula da Silva preparou, em 2004, uma linha de crédito de R$ 5 bilhões para o setor, sem que houvesse ampla discussão sobre o tema. O acordo gerou desconforto quanto à dependência da mídia em relação ao governo (Jornal da Universidade, 2002).

2.5. Relação da mídia com as favelas

A relação da mídia com as favelas e seus moradores é marcada por um longo histórico de estereotipia. Já em 1909, ao tratar da povoação que deu origem ao termo favela, um dos principais jornais de então no Rio de Janeiro dizia:

“É o lugar onde reside a maior parte dos valentes da nossa terra, e que, exatamente por isso – por ser o esconderijo da gente disposta a matar, por qualquer motivo, ou, até mesmo, sem motivo algum –, não tem o menor respeito ao Código Penal nem à Polícia” (Costa Mattos, 2007)

Segundo Costa Mattos, essa reportagem demonstra a predisposição da mídia em relação aos moradores de favelas. “A percepção social da violência urbana nas favelas vem de muito tempo, assim como o estigma imposto aos seus habitantes” (2007). Chalhoub (1996:22) define bem a impressão que persistia no Brasil à época: “os pobres carregam vícios, os vícios produzem os malfeitores, os malfeitores são perigosos à sociedade; juntando os extremos da cadeia, temos a noção de que os pobres são, por definição, perigosos”.

Costa Mattos (2007) ainda observa que as representações negativas sobre as favelas são oriundas “de uma campanha desenvolvida pela grande imprensa carioca – na época imersa nos ideais de progresso e civilização –, com o intuito de normatizar a sociedade em questão”. Segundo a lógica da imprensa, as favelas inspiravam “visões que iam da desordem à selvageria [e] não teria vez na cidade moderna e européia projetada pelas classes dominantes”.

3. Estudo de caso

Essa mesma predisposição por parte da imprensa se mantém até os dias de hoje. Para observar a persistência desta visão estereotipada sobre as favelas, analisaremos a cobertura da mídia paulistana sobre os eventos ocorridos no dia 2 de fevereiro de 2009, em São Paulo, quando um grupo de pessoas entrou em confronto com a Polícia Militar dentro da favela de Paraisópolis – a segunda maior de São Paulo, com 80 mil moradores distribuídos em uma área de 0,8 km2.

Ao cair da tarde, os manifestantes bloquearam uma avenida e algumas ruas que dão acesso à favela com pneus em chamas, pedaços de madeira e entulho. A Polícia foi até o local para desbloquear as ruas e houve confrontos. Os enfrentamentos, que duraram algumas horas, terminaram com o desbloqueio das ruas e o anúncio, por parte do governo do Estado de São Paulo (que controla a Polícia), da permanência de centenas de policiais na área por tempo indeterminado, patrulhando ostensivamente a área, em ação incomum para o cotidiano paulistano.

Os primeiros relatos escritos do evento começaram nas versões online dos principais veículos de comunicação. Contando com poucos detalhes sobre a situação, a não ser a descrição dos policiais que acudiam ao local, logo de início, os sites destacaram desde o princípio: “moradores da favela da Zona Sul incendiaram carros e impediram o trânsito na região” (Estadao.com.br, 2009a). As menções aos “moradores” supostamente envolvidos e ao “trânsito ruim” puderam ser observadas em outros sites também e foram reproduzidas nas versões impressas do dia seguinte.

Também no dia seguinte, as reportagens começaram a apresentar explicações para a manifestação. Havia várias versões: “[os manifestantes] estão descontentes com a morte de um morador, dizem que era um rapaz de família”, “dois policiais [que se diziam “donos da favela”] (…) podem ser o alvo principal dos protestos”, “a manifestação [pode] estar relacionada à troca do comandante [do policiamento local]” (O Estado de S. Paulo, 2009a), “(…) [a manifestação foi] uma reação de moleques ligados ao crime, que acabou fugindo do controle” (Jornal da Tarde, 2009a).

Apesar das mais variadas versões, o motivo mais aceito para os eventos de 2 de fevereiro foi um, divulgado pela Polícia: o protesto teria sido encomendado pelo chefe do tráfico local, em represália à morte de outro traficante e à prisão de seu cunhado (O Estado de S. Paulo, 2009a; Veja São Paulo, 2009; Folha de S. Paulo, 2009c). Assim, a Polícia acreditava ter motivos para afirmar que o protesto tinha sido “premeditado”.

Em todos os relatos do dia seguinte, TV, jornais e sites divulgaram vídeos e fotografias explícitas dos confrontos e descreveram em minúcia o armamento usado por ambos os lados em conflito. Reportagem da Folha de S. Paulo descrevia em detalhes as táticas da Polícia, além do número de policiais, batalhões, cavalos, e até mesmo cachorros usados para avançar dentro da favela sitiada. As reportagens iam fazendo uma contagem sucessiva de feridos, até que o número se estabilizou em quatro policiais baleados, mas divergiu em relação aos moradores feridos a tiros – algumas reportagens (Folha de S. Paulo, 2009a) citam apenas um, enquanto outras (Veja São Paulo, 2009; O Estado de S. Paulo, 2009b), citam dois.

O principal foco de atenção, porém, foi direcionado à resposta da Polícia aos eventos. Sob o título “Após tumulto, PM inicia ‘asfixia’ em favela”, a Folha de S. Paulo, maior jornal do país, repetiu as palavras do secretário da Segurança Pública de São Paulo, que prometia reprimir novas manifestações e prender os responsáveis. A operação desencadeada pela Polícia foi chamada de “Saturação”, enquanto o protesto freqüentemente assumiu o caráter de “guerra urbana” (Folha de S. Paulo, 2009f). Além disso, foi unânime chamar a operação de “ocupação da favela”.

Os manifestantes foram indiscriminadamente chamados de “moradores”, enquanto que algumas reportagens iam um pouco além, qualificando-os “delinqüentes” (Veja São Paulo, 2009). Os eventos do dia 2 de fevereiro viraram “vandalismo”, “desrespeito à ordem pública”, “desordens”, “violências”, “momentos de horror e medo” (Veja São Paulo, 2009; Estadao.com.br, 2009a). Foi “assustador”, segundo um jornalista de Veja São Paulo.

Contudo, os veículos procuram enriquecer a cobertura com matérias que tentavam explicar o que é Paraisópolis e sua gente. Mencionaram que a favela “está em zona campeã de desemprego” em São Paulo e ofereceram dados que indicam o baixo grau de escolaridade e a baixa renda média mensal da população da favela (Folha de S. Paulo, 2009d). Outros preferiram observar que lá há “botecos, muitos botecos” (Veja São Paulo, 2009).

Ao mesmo tempo, algumas reportagens se focaram nos vizinhos mais ricos da favela. "Tirar a favela dali é impossível. Eu até gostaria, mas não é realista", disse uma delas, que classificou a manifestação de “traumatizante”. Outra vizinha se dizia favorável a bloquear as ruas dos bairros ricos para evitar a circulação de não-moradores. Citou-se também que anúncios imobiliários apagavam a favela digitalmente das fotos da região (Folha de S. Paulo, 2009g).

Ao longo da cobertura, as fontes de informação são primeiramente os membros da Polícia ou da Secretaria de Segurança Pública: coronéis, secretários, delegados. A maior parte das reportagens não logrou apresentar depoimentos dos moradores. Quando o faziam, ou recorriam ao presidente da associação de moradores ou apresentavam citações de anônimos que, segundo publicaram, preferiam não se identificar (Folha de S. Paulo, 2009d, 2009h; Estadao.com.br, 2009a).

Entre o terceiro e o quarto dia após os confrontos, surgiram algumas menções ao fato de que a Polícia não conseguia progredir nas investigações para encontrar uma razão para o ocorrido, apesar das explicações iniciais aparentemente certeiras: “Polícia admite que está na estaca zero”, destacou o Jornal da Tarde, que atribuiu o fracasso à “lei do silêncio” dos moradores, que se recusariam a denunciar os responsáveis (Jornal da Tarde, 2009b).

Ao mesmo tempo, as reportagens citaram que quatro policiais envolvidos na morte de um morador no dia anterior à manifestação seriam afastados pelo comando da Polícia. Matérias mencionaram o advogado de alguns moradores afirmando que os agentes eram “uns assassinos” (Jornal da Tarde, 2009b). Também citaram outras fontes anônimas para dizer que a população reclamava da truculência destes policiais (Folha de S. Paulo, 2009i; Folhaonline.com.br, 2009). Quase passou despercebido o “boato” sobre um desaparecido – um “trabalhador honesto” que teria testemunhado a morte de um morador no dia anterior, crime considerado estopim dos protestos (Folha de S. Paulo, 2009a).

No sábado, 7 de fevereiro, a cobertura terminou abruptamente, sem que os dois maiores jornais de São Paulo (Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) apresentassem uma reportagem sequer sobre o tema. Não houve menção alguma à continuidade da presença da Polícia em Paraisópolis, ao dia-a-dia dos moradores ou ao fato de que corrupção ou abuso de poder policial podiam estar por trás dos eventos do dia 2 de fevereiro.

4. Análise crítica

Ao observarmos detalhadamente o caso do protesto de Paraisópolis, podemos apontar algumas linhas gerais na cobertura jornalística que não se restringem somente aos eventos do dia 2 de fevereiro de 2009. Pelo contrário: são questões que se baseiam num mesmo padrão de enfoque das favelas e sua gente, padrão este que, como apontado por Costa Mattos (2006), vem há mais de um século transmitindo, reforçando e perpetuando estereótipos sobre os moradores das favelas como delinqüentes.

É um caso de violência cultural, que acaba logrando a equiparação das favelas a um território estranho dentro da unidade territorial brasileira, relegando seus moradores à condição de cidadãos de segunda classe no Brasil.

Entre os padrões que se podem observar na cobertura aqui analisada e na postura geral da imprensa diante das favelas estão os pontos a seguir:

Associação imediata dos moradores com manifestantes e com o tráfico

Desde o princípio os veículos de comunicação não titubeiam em destacar que “moradores” são os responsáveis pela manifestação – que, importante mencionar, também é qualificada por inúmeros adjetivos que a identificam imediatamente como contravenção. Mesmo que não tenha havido nenhuma prisão ou depoimento de alguém que assumisse a autoria do bloqueio às ruas, a origem dos manifestantes é a favela, segundo a lógica das reportagens.

Mais grave ainda é a confusa busca por uma explicação para o ocorrido, que aponta para todos os lados, mas acaba convergindo para uma versão oficial da Polícia Militar: a de que o protesto foi premeditado e ordenado por um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa com forte presença no tráfico de drogas e roubo a bancos.

Ao validar de imediato as fontes policiais – que depois acabaram se contradizendo, admitindo se encontrarem perdidas e investigando até mesmo a corrupção de seus próprios membros como possível causa do protesto –, a mídia criou uma nefasta conexão manifestantes-moradores-traficantes, que seguiu sem questionamentos até o fim. Esta é a mesma lógica que habita o senso comum brasileiro, não só no caso de Paraisópolis, mas de modo geral no tratamento pela imprensa de assuntos ligados às favelas desde o século XIX (Costa Mattos, 2006).

Note-se ainda que as explicações que ligavam o protesto à resposta de “bandidos liderados por um chefão do crime organizado” à morte de um morador já invalidavam de antemão a legitimidade da manifestação, porque tal pessoa não era nada mais que “um ladrão” (Folha de S. Paulo, 2009a; O Estado de S. Paulo, 2009a; Veja São Paulo, 2009).

Ausência de voz para os moradores das favelas

Uma marca das reportagens sobre os temas ligados às favelas é a ausência completa ou a falta de legitimidade das declarações dos moradores. Quando eles são citados, surgem como anônimos ou gente que só fornece o primeiro nome por medo de represálias, dando declarações desencontradas, sem relevância ou vazias, que ocupam posição secundária nas matérias. Ainda pior é quando essas mesmas declarações soltas são manipuladas na construção da história para corroborar a explicação oficial sobre os fatos, como se nota na Folha de S. Paulo (2009a).

Todos os escalões da Polícia e do governo têm espaço de destaque nas reportagens, dando declarações que chegam a virar manchetes. O problema dessa postura, no entanto, é que ela deixa de fora as pessoas que vivem na pele o conflito (Lynch & McGoldrick, 2007:255). E, como nota Lederach (1997:84, nossa tradução) “(…) [estas] pessoas são negligenciadas e desempoderadas porque ou não representam o poder ‘oficial’ (…), ou são descartadas por serem parciais ou emocionalmente afetadas demais pelo conflito”.

Desumanização das favelas e seus moradores

As histórias apresentadas pela imprensa paulistana giram em torno de poucos temas: a violência dos confrontos do dia 2 de fevereiro e suas conexões com o crime; a inconveniência dos confrontos para a “ordem pública” e para os vizinhos mais abastados; e a resposta das autoridades ao ocorrido. No entanto, o que raramente se observa é a percepção de como os eventos em Paraisópolis afetaram as vidas dos locais – ou seja, o aspecto humano da história.

Enquanto descrevem-se em detalhe o armamento, os atos de violência, as estratégias da Polícia e as complicações do trânsito na região, há uma ou duas linhas para as dificuldades que os moradores de modo geral enfrentaram durante os confrontos. No dia dos eventos, um morador foi alvejado por esperar o filho sobre o telhado de sua casa. Milhares de pessoas ficaram sem transporte urbano, interrompido por ordem das empresas que temiam que seus veículos fossem depredados, e tiveram que voltar a pé para casa. Ao chegarem, foram impedidas pela Polícia de entrar na favela, enquanto sua família esperava, dentro de casa e sob fogo cruzado, que os confrontos terminassem.

Nos dias seguintes, ouviu-se falar de casos de espancamento e de moradores sendo revistados até seis vezes por dia, enquanto a Polícia buscava em vão os responsáveis. Todas histórias de gente que viveu os conflitos na pele naqueles dias – e, possivelmente, em muitas outras vezes.

Todas deixaram de ser ouvidas porque existe uma suposição tácita de que a violência é algo normal na vida das favelas, que por sua vez é um incômodo na vida “normal” da cidade. Contraditoriamente, no entanto, dedicaram-se matérias inteiras aos “traumas” dos vizinhos de classe alta, que assistiam os confrontos pela TV.

Além disso, ao não contemplar em nenhum momento a possibilidade de apresentar um contexto para os eventos presenciados em Paraisópolis, a idéia que a imprensa passa é de que atos de tamanha selvageria só poderiam ser causados por “gente bárbara” – e, portanto, inumanas. Lynch & McGoldrick lembram, porém, que estas “são explicações essencialistas para a violência. Elas carregam uma sugestão intrínseca de que os perpetradores são ‘assim mesmo’, dando vazão a posturas e ódios que vem de dentro deles” (2005:64, itálico no texto original, nossa tradução).

Foco na violência gratuita e justificação da violência

Como de costume também, as reportagens capricharam nas descrições detalhadas dos armamentos, das barricadas, dos palavrões, dos confrontos, da maneira como as pessoas se feriram no protesto, da futura reação truculenta da Polícia, muitas vezes usando jargão policial – ou seja, todos os distintos aspectos da violência. Insistiram em falar o número de feridos e, depois que a contagem se estabilizou, em repetir a informação constantemente. Observa-se, no entanto, que a menção aos moradores feridos sumiu das reportagens, enquanto que os policiais feridos viraram manchete (“Moradores enfrentam polícia em favela; 3 PMs são baleados” (Folha de S. Paulo, 2009a).

Aliás, sequer se chegou a um acordo sobre o número de feridos (a Folha falou em 4 e O Estado e a Veja, em 6). Independentemente disso, porém, eles viraram apenas uma cifra mencionada no rodapé da notícia. Não houve a preocupação de acompanhar os casos e as histórias pessoais por trás de cada ocorrência – humanizando assim a estatística.

Como notam Lynch & McGoldrick (2005, 2007), a postura de apenas se ouvir fontes oficiais legitima as saídas militares, operacionais e com uso de força como as únicas possíveis e aceitáveis para se lidar com estas situações, quando é sabido que isto é uma falácia. Medidas não-violentas não só são possíveis como vem sendo aplicadas com sucesso em muitas situações similares, como demonstra a atuação de 54 ONGs na própria favela de Paraisópolis.

Dualismo

A cobertura jornalística dos eventos em Paraisópolis se baseou numa divisão simples do mundo: favela versus “cidade normal”, pobres versus ricos, polícia versus bandido, ordem versus baderna. É como se os eventos do dia 2 de fevereiro fossem um confronto de um “exército da ordem” contra um “exército do crime”.

No entanto, no caso tratado neste ensaio, as partes envolvidas (como as próprias reportagens inadvertidamente deixam transparecer) vão muito além dos manifestantes e das autoridades. Elas envolvem moradores, pequenos criminosos, o PCC (ou quem diz pertencer a esta organização criminosa), trabalhadores, a associação de moradores, o governo municipal (responsável pela infraestrutura), o governo estadual (responsável pelo policiamento), ONGs, a classe média que emprega moradores de Paraisópolis, a classe média que compra drogas na favela, a polícia que reprime, a polícia envolvida no tráfico de drogas, etc. Esta é a complexidade do quadro quando tratamos de relações sociais tão múltiplas.

O problema com essa visão essencialista e simplificadora da violência é que “os conflitos são conceitualizados como dualistas, um jogo entre duas partes que termina empatado em zero. (…) Sendo a derrota impensável, cada parte tem um incentivo pronto para tentar ainda mais ganhar – ou seja, ampliar o conflito” (Lynch & McGoldrick, 2007:258, nossa tradução). Neste caso, não se pode esperar que aconteça nada mais que a própria violência.

Voz à divisão

Apesar de invalidar e ignorar os depoimentos dos moradores da favela, a imprensa dedica matérias inteiras às impressões dos vizinhos ricos de Paraisópolis.  Eles se afetam com o que chamam de “transtornos” e se assustam com a “baderna”.

As reportagens dão espaço a quem fala abertamente em invisibilizar ou extirpar a favela. A realidade, porém, é que as favelas estão indiretamente dentro dos bairros tradicionais, em todos os condomínios e zonas de classes média e alta, representadas por seus moradores, que atendem em supermercados, bares e lojas, limpam as casas, recepcionam clientes, manobram carros, vigiam propriedades alheias, dirigem ônibus, etc.

Assim, as favelas já não são mais aquele “bairro das classes perigosas”, mas uma parte integrante da vida cotidiana daqueles que consomem a imprensa brasileira. Elas são personificadas diariamente por trabalhadores que movimentam o país e realizam os trabalhos imprescindíveis que não exigem qualificação. As classes abastadas não têm a quem recorrer senão às favelas, ou teriam elas mesmas que fazer tais serviços.

No caso abordado neste ensaio, a imprensa interrompeu sua cobertura abruptamente sem ao menos fazer um balanço sobre os fatos apurados. No entanto, não teve problemas em apresentar uma hipótese – a de que os protestos foram uma represália do chefe do tráfico local, devido à morte de outro bandido – que nem mesmo a própria Polícia pôde confirmar, deixando a impressão de que realmente não importavam quais as motivações do episódio.

A razão para isso provavelmente pode ser resumida neste trecho: “O mais importante agora, porém, para os moradores e vizinhos, é que a paz volte a Paraisópolis”, diz a reportagem (Veja São Paulo, 2009). Ou seja, que tudo volte à normalidade: os moradores da favela retomem sua condição de “garçons, babás, porteiros e empregadas domésticas”, como mencionado no mesmo artigo, sofrendo as misérias da vida de um cidadão de segunda categoria, enquanto que seus vizinhos ricos voltam seu papel de patrões, desejando o fim do “incômodo”. É a “vida normal” das favelas. A violência é simplesmente dada como certa. E página virada.

5.Conclusão

Os violentos confrontos ocorridos no dia 2 de fevereiro de 2009 na favela de Paraisópolis, em São Paulo, são um pequeno recorte do cotidiano das favelas brasileiras. Da mesma maneira, a cobertura da mídia paulistana também é um pequeno resumo da relação que a imprensa mantém, há mais de 100 anos, com as favelas e sua gente.

O que se nota na análise dos enfoques e das contradições da cobertura apresentada neste ensaio é uma visão parcial dos fatos, que tende à generalização grosseira de qualificar os moradores das favelas como bandidos em qualquer situação em que haja o rompimento da ordem.

A distorção da imagem das favelas se dá por meio das insinuações da “inevitável” relação das favelas com o crime; da falta de apuração correta dos fatos, explicações e versões da história; da falta de atenção com o ponto de vista e as histórias dos moradores; da linguagem simplista e dualista, que só vê violência sem sentido nos eventos descritos, sem se preocupar em investigar suas causas contextuais; da atenção excessiva à palavra das autoridades e dos cidadãos “de bem”.

Parece que, na lógica da imprensa, as favelas são coisificadas, transformadas em uma entidade hermética. Assim, não podemos distinguir entre seus milhares de moradores – sejam trabalhadores ou não, mulheres ou homens, idosos ou jovens. De acordo com este enfoque, as favelas reagem sempre da mesma maneira quando interagem com o “mundo exterior”: com violência, brutalidade, barbarismo. Por fim, esta argumentação parece demonstrar que as favelas têm um caráter traiçoeiro, pois, segundo esta “lógica”, elas receberiam atenção por parte do Estado e das ONGs e trabalho por parte dos vizinhos ricos, mas retribuiriam com violência e criminalidade.

A abordagem da imprensa aos temas ligados às favelas configura um perverso mecanismo institucionalizado de violência cultural, que ajuda a criar uma espécie de “casta inferior” de cidadãos, reféns da falácia de que crime e pobreza são indissociáveis. Com isso, delega-se aos moradores das favelas o estigma de serem párias, que, além das privações estruturais de educação, saúde, emprego e bem-estar, são culturalmente transformados em criminosos pela mídia de massa.

Ao Brasil que busca se fortalecer economicamente e alcançar uma posição de liderança no mundo, resta ainda uma enorme dívida social, acentuada, entre muitas outras razões, pelo trabalho de estereotipia exercido pela mídia. Portanto, as mudanças nesta situação de conflito urbano generalizado, potencializada pela violência estrutural, certamente passam pela transformação radical da imagem negativa das favelas, tal qual ela é gerada e mantida pela imprensa brasileira.

 
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Martim S Silveira é um jornalista brasileiro. Atualmente é mestrando no programa de Estudos Internacionais em Paz, Conflitos e Desenvolvimento da Cátedra UNESCO de Filosofia para a Paz, na Espanha.

 

This article originally appeared on Transcend Media Service (TMS) on 28 Sep 2009.

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