(Português) Guerras e Recessão: As Promessas da Pax Norte-Americana

ORIGINAL LANGUAGES, 10 Aug 2015

Emir Sader, Carta Maior – TRANSCEND Media Service

Os países que resistem aos imperativos do capital é que estão no começo de um novo ciclo, de construção de um mundo baseado na solidariedade.

usa eua imperialismo war guerras recessões6 agosto 2015 – O mundo sofreu sua virada mais radical em muito tempo com a passagem da bipolaridade à hegemonia unipolar norteamericana. Poucas décadas foram suficientes para que saibamos que o fim da “guerra fria” não foi o fim das guerras mas, ao contrário, sua multiplicação, sob vorazes ofensivas imperiais norte-americanas. Civilizações inteiras foram destruídas – como as do Iraque, do Afeganistão, da Síria -, enquanto os EUA se reivindicam a responsabilidade de ser a polícia do mundo e guerras sem fim, focos de conflitos, se multiplicam

Mas a hegemonia imperial norteamericana e o fim do mundo bipolar tampouco levaram a que a globalização do sistema capitalista conduzisse o mundo à estabilidade e à expansão econômica. Não bastasse o desempenho frágil da economia capitalista nas últimas décadas do século XX, desde 2008 o centro do sistema se encontra em profunda e prolongada crise recessiva, da que não se sabe quando poderá sair, levando à destruição do que ainda existia do sistema de bem estar social na Europa e a níveis recordes de desemprego.

Essa é a utopia que o sistema capitalista e imperial propõe ao mundo? Foi em nome desses cenários de guerra e de crise econômica que se propõe a destruição de tudo o que se lhe opunha? Para isso foi imposto o reinado do mercado e da superioridade bélica dos EUA? É com esses objetivos que a Europa se propõe a destruir seu passado fundado nos direitos sociais? É a isso que os EUA convidam a que países participem de seus tratados de livre comércio?

Esse mundo miserável, fundado no poder do dinheiro e das armas, sim, que é um fim de ciclo. Os países que resistem é que estão no começo de um novo ciclo, de construção de um mundo baseado nos direitos para todos e na solidariedade.

Por tudo isso é que a lua-de-mel da hegemonia unipolar norteamericana durou pouco. Os Brics, a China, a Rússia, os governos progressistas da América Latina – são elos de um mundo economicamente multipolar e que começou a instalar uma geopolítica baseada de novo na bipolaridade mundial.

A recessão no centro do capitalismo pressiona a todos os países, mas o resto do mundo não entrou em recessão profunda e prolongada como acontecia no passado. Os EUA não puderam invadir a Síria e atacar militarmente o Irã. Os EUA continuam como a maior potência no mundo atual, mas já encontra limites que já não pesnava ter quando triunfou na guerra fria.

O mundo marcado pela hegemonia imperial norteamericana é um mundo de guerras e de recessão. Faz falta que a Europa se dê conta disso e, como faz o novo candidato a líder do Partido Trabalhista britânico, de que deve deixar de seguir a política externa dos EUA para, aísim, se sentir mais segura. Faz falta que outro modelo econômico que não o da austeridade, seja assumido por países europeus. Os Brics apontam para outra geometria política, econômica e militar no mundo. Com quem estará a Europa?

A América Latina já contribui a esse mundo multipolar, com o Mercosul, Unasul, Celac, com a participação direta do Brasil nos Brics e com os acordos assinados por países da região com os Brics, com a China e com a Russia. Os EUA já não contam com seu antigo pátio traseiro. O México sangra por todos os seus poros ao pagar o preço da reiterada submissão ao vizinho do norte. A Europa retrocede, com a austeridade. O Iraque e o Afeganistão foram destruídos pela ocupação militar dos EUA.

O século XXI é o cenário de luta por uma nova hegemonia mundial, compartilhada, democrática, consensual, de negociações para as soluções dos conflitos, de uma economia baseada nas necessidades de todos e não nos imperativos do capital especulativo.

Go to Original – cartamaior.com.br

Share this article:


DISCLAIMER: The statements, views and opinions expressed in pieces republished here are solely those of the authors and do not necessarily represent those of TMS. In accordance with title 17 U.S.C. section 107, this material is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving the included information for research and educational purposes. TMS has no affiliation whatsoever with the originator of this article nor is TMS endorsed or sponsored by the originator. “GO TO ORIGINAL” links are provided as a convenience to our readers and allow for verification of authenticity. However, as originating pages are often updated by their originating host sites, the versions posted may not match the versions our readers view when clicking the “GO TO ORIGINAL” links. This site contains copyrighted material the use of which has not always been specifically authorized by the copyright owner. We are making such material available in our efforts to advance understanding of environmental, political, human rights, economic, democracy, scientific, and social justice issues, etc. We believe this constitutes a ‘fair use’ of any such copyrighted material as provided for in section 107 of the US Copyright Law. In accordance with Title 17 U.S.C. Section 107, the material on this site is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving the included information for research and educational purposes. For more information go to: http://www.law.cornell.edu/uscode/17/107.shtml. If you wish to use copyrighted material from this site for purposes of your own that go beyond ‘fair use’, you must obtain permission from the copyright owner.

Comments are closed.