(Português) Ótima notícia! Nigéria proíbe a mutilação genital das meninas
ORIGINAL LANGUAGES, 30 Nov 2015
Melhor com Saúde – TRANSCEND Media Service
A mutilação genital, ou “circuncisão feminina”, como é chamada em muitos países, é uma prática que consiste na eliminação parcial ou total do tecido dos órgãos genitais femininos, especificamente do clitóris.
Muitas culturas, em especial afrodescendentes e indígenas, tem realizado esse procedimento terrível desde a antiguidade, como parte de suas crenças e costumes.
No entanto, nos últimos anos a prática foi bastante combatida, e graças ao apoio da Organização Mundial da Saúde, muitos países e comunidades nativas deixaram de realizá-la, levando em conta os grandes riscos que correm as meninas que são submetidas a este doloroso procedimento.
No dia 9 de junho de 2015, a Nigéria marcou sua história ao se converter no 23º país africano a proibir a mutilação do clitóris das meninas. É uma notícia muito importante para quem luta contra este ato, já que a Nigéria é o país mais populoso da África, onde se estima uma população de 20 milhões de mulheres e meninas, aproximadamente.
É uma medida muito importante para erradicar por completo esta situação, que infelizmente ainda é praticada em 29 países da África e da Ásia.
Em que consiste este procedimento?
Esse ato é realizado em meninas com idade entre 8 e 14 anos, que são previamente preparadas por suas mães para entrar em um local tenebroso e sob condições higiênicas inexistentes.
Nesse lugar, uma mulher espera no escuro com suas navalhas e facas para realizar esse procedimento terrível em um tempo máximo de 15 minutos.
Ao entrar nesse local escuro, a mulher revisa os genitais da criança quase às cegas e, utilizando uma pequena faca ou algum outro objeto afiado, procede a cortar de forma total ou parcial o clitóris, os lábios menores e também os lábios maiores da menina.
Sob estas condições, sem nenhum tipo de anestesia e sem tomar nenhuma medida de higiene, a mulher mutila a criança enquanto esta só grita e chora pela dor lacerante que sente. No interior deste lugar, são derramados sangue e dor, enquanto do lado de fora os familiares riem e celebram que a menina está pronta para se tornar uma mulher.
Finalizado este “procedimento”, começa a busca por um marido que esteja disposto a dar um bom dote em troca da agora “mulher”. Tudo isso, claro, se a menina conseguir sobreviver a todos os riscos que possui a mutilação de um órgão que cumpre um papel muito importante na mulher.
Muitas crianças morrem por causa das hemorragias ou pelo choque neurogênico que a dor intensa e o traumatismo causam. Outras, por sua vez, morrem devido às terríveis infecções que se derivam deste processo, feito sem nenhuma medida de salubridade.
Por tudo isso, faz alguns anos que a Organização Mundial da Saúde denominou esta prática oficialmente como mutilação genital feminina, pois ela precisa de medidas médicas e, no geral, é realizada por terceiros que têm como intenção privar a mulher de sentir prazer sexual.
Como se fosse pouco, também foi demonstrado que isso pode provocar sérias consequências nas crianças e mulheres, como é o caso de hemorragias, problemas urinários, cistos, infecções, infertilidade e complicações no parto.
Os dados da vergonha
Estima-se que, no mundo, a cada minuto quatro meninas menores de 15 anos sofrem com a mutilação genital. Até o momento e, segundo os dados das organizações não governamentais, há 137 milhões de mulheres mutiladas, apesar dos múltiplos protestos e da luta constante para acabar com esta prática horrível.
O pior de tudo é que, enquanto não for possível proibir isso nos 29 países da África e da Ásia, cerca de 86 milhões de meninas em todo o mundo poderão sofrer com a mutilação de seus órgãos genitais externos antes de 2030.
É importante lembrar que, em muitos países onde a lei proibiu a prática, não foi possível erradicá-la por completo, já que, apesar de ser proibida legalmente, muitas culturas continuam realizando-as de forma ilegal.
Felizmente, o constante trabalho das ONGs e das principais entidades de saúde mundiais colheu bons frutos, e a decisão na Nigéria é uma clara demonstração disso.
É fundamental seguir educando sobre a saúde e compartilhar as evidências de todos os riscos que existem por essa prática horrível que continua sendo realizada.
Sem pretender alterar as culturas e as tradições seculares de cada população, é essencial criar consciência e mudar a mentalidade em relação a esta prática que já acabou com milhares de vidas, e que segue causando muito sofrimento.
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