(Português) Conheça o “Holocausto Animal”

ORIGINAL LANGUAGES, 9 May 2016

Francisco José - ANDA Agência de Notícias de Direitos Animais

Divulgação

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7 maio 2016 – Você gosta de animais? Não estou perguntando só do cachorro ou do gato, afinal, eles não são os únicos animais do planeta. A pergunta hoje é: Seria possível gostar de animais e usar produtos que antes foram testados neles? Usar casacos de pele de animal? Comer carne? Se você faz qualquer uma dessas coisas, acho que seu amor não é tão grande assim.

Para abordar melhor esse assunto, convidamos Marcos Spallini, formado em psicologia e administrador da página “O Holocausto Animal”.

Existe um projeto de lei que pode proibir a importação de roupas de peles de animais. Mesmo que esse projeto entre em vigor, ele apenas irá proibir, não mudar o pensamento das pessoas. Por qual motivo esse tipo de vestimenta é visto como uma questão de status?

A lei, em tese, não serve para “mudar o pensamento das pessoas”, mas sim para garantir que alguns princípios morais e éticos sejam colocados em prática. Por outro lado, a sanção de uma lei possibilita que a sociedade discuta o seu conteúdo, mudando possivelmente o próprio comportamento. É por isso que não basta conseguirmos que uma lei a favor dos animais seja aprovada, sem trazer o tema à discussão.

Durante séculos, o ser humano se apropriou dos animais como se estes fossem objetos. Não foi diferente com a vestimenta. O status de usar pedaços de animais ou suas peles vem do mundo pré-industrial, como, por exemplo, a prática indígena de usar penas de aves ou até mesmo a pele de morcegos como símbolo de status sexual. Tal tradição apenas se institucionalizou com o advento do capitalismo, ao qual um casaco de pele ou uma blusa de couro podem representar um padrão econômico elevado. No entanto, o empresário apenas mata o animal pois há demanda, isto é, há quem pague.

Enquanto não mudarmos a ideia de que os animais existem no mundo como produtos para humanos, haverá produção de vestimenta de pele e de outras práticas de exploração animal.

Foto de uma vaca chorando. sgtalk.org

Foto de uma vaca chorando. sgtalk.org

Sem o uso de animais, não teríamos deixado de evoluir? Pois muitos produtos são testados em animais para a comprovação de sua eficácia, se isso não acontecesse, seriam testados em seres humanos? Não seriam testados e jamais iriam para o mercado? Ou existe outra alternativa?

É muito duvidoso afirmar que não teríamos “evoluído” sem usar os animais, simplesmente porque não há como voltar na história e registrar o seu progresso com qualquer realidade alternativa. O que devemos verificar é a situação atual. Agora vemos que o uso de animais na ciência é um verdadeiro empecilho para a descoberta de novos tratamentos eficazes. É verdade que, no passado, quando a fisiologia ainda engatinhava, sabíamos muito pouco sobre a fisiologia animal, desta forma, as perguntas feitas pelos cientistas eram diferentes das perguntas feitas atualmente. Quando se começou a dissecar seres humanos e animais, tratava-se de uma época em que se acreditava que o interior do organismo humano habitava um espírito demoníaco, então, de toda forma, conhecer a fisiologia animal foi importante para quebrar uma série de mitos.

Os vivissectores usam animais para diversos propósitos. Você pode abrir o corpo de qualquer mamífero para compreender a função do coração, e este é um propósito válido e funcional. O objetivo problemático é quando se deseja descobrir curas ou desenvolver drogas seguras, ao qual repousa o argumento principal dos testes em animais, que diz que nós estaríamos em perigo sem eles e que a ciência seria impossível na ausência da experimentação animal. Contudo, verificar a eficácia de uma droga em outras espécies não garante que ela será segura para humanos.

A aspirina, por exemplo, é letal para gatos. Já a morfina atua como estimulante em gatos e cavalos, embora tenha propriedade sedativa em seres humanos. Além destes, há uma série de medicamentos que foram tidos como seguros através dos testes em animais, porém, quando testados clinicamente tiveram efeitos desastrosos, dentre eles: Tirilazad, Clioquinol, Eraldin, Opren, Ritodrine, Manoplax e Zomax.

O fracasso da experimentação animal hoje é reconhecido por diversas instituições governamentais e privadas. O FDA, a agência sanitária dos Estados Unidos, já constatou que 92% das drogas testadas em animais falham em humanos, e, de acordo com a ANVISA, 50% dos medicamentos que entram no mercado são retirados de circulação após 5 anos, por conta dos efeitos colaterais inesperados. Tais estatísticas demonstram que a experimentação animal, no melhor dos casos, é um jogo de sorte.

A farmacologia, em princípio, não precisa de animais para descobrir novas drogas. Todos os medicamentos disponíveis hoje só estão no mercado por conta da experiência clínica. É loucura usar dados obtidos com ratos, cães, e até mesmo com chimpanzés, confiando que uma substância se comportaria da mesma forma em humanos. Devido à crença na falácia da vivissecção, a medicina não evolui como poderia. Um bom exemplo é a vacina contra HIV, que vem sendo testada extensivamente em primatas, mas com resultados desesperadores: mais de 100 delas tiveram eficácia em macacos, nenhuma funcionou até hoje na espécie humana.

Trabalhadores que estavam no matadouro também vieram ver o touro chorando. views-worldnews.blogspot.com vedic

Trabalhadores que estavam no matadouro também vieram ver o touro chorando. views-worldnews.blogspot.com vedic

A vacina da varíola foi criada por Edward Jenner sem nenhum tipo de teste em animais, portanto, é bem provável que se Jenner vivesse na época atual, em que tudo precisa passar pelo “rigoroso” protocolo da experimentação animal, sequer teríamos uma vacina eficaz contra a varíola. Então, sim, há medicina sem testes em animais. Na verdade, ela é a única possível, e deve, logo, se basear em seres humanos ou em métodos tecnológicos que não causem o sofrimento de nenhum animal. Este é o único caminho para uma ciência ética e funcional.

Estamos vivendo um momento difícil no Brasil, a taxa de desemprego está perto dos 11%. Se as pessoas resolvessem parar de comer carne, ou se o governo proibisse o comércio da carne, não entraríamos em uma crise muito maior?

Muitos argumentam que a atividade pecuarista é responsável pelo crescimento econômico do Brasil. Isso pode até ser verdade quando analisamos tal assertiva em curto prazo, todavia, a longo prazo, ter a produção animal como pilar econômico é um tiro no próprio pé. Desde 2015, a cidade de São Paulo enfrenta uma crise hídrica gravíssima. Uma crise que foi impulsionada pelas mudanças climáticas.

A produção animal é a principal forma de emissão de gás-estufa e do desmatamento da Amazônia, e não apenas isso, é também a pioneira em poluição de rios, mares e nascentes. Com o aumento da temperatura, o abastecimento hídrico e energético pode ser comprometido. Sem água, não há economia que resista. A indústria não pode operar diante de um colapso hídrico. Um quilo de carne bovina exige mais de 15 mil litros de água. Em um cenário de tragédia ambiental, as pessoas seriam vegetarianas por obrigação. Este é o preço que certamente pagaremos caso a população não pare de consumir carne, ovos e leite.

O Estado deve garantir os direitos básicos dos animais humanos e não-humanos. Os animais não-humanos, assim como nós, possuem direito à vida e liberdade, portanto, a proibição do consumo de carne seria uma consequência direta deste reconhecimento filosófico. Mas ainda há um longo caminho a percorrer. A lei também opera de acordo com os costumes e hábitos de uma sociedade. Seria impraticável proibirmos o consumo de animais e derivados da noite para o dia.

Nosso tempo é curto, e a crise social e ambiental ocasionada pela pecuária só tende a se agravar, caso as pessoas não repensem a relação de exploração que possuem com os animais.

Tendo em vista que os próprios animais se alimentam uns dos outros, comer carne ainda assim seria um erro?

O ser humano não é um animal carnívoro e pode viver de maneira perfeitamente saudável sem carne ou derivados de animais. Comer carne hoje não se trata de “sobreviver”, mas sim de manter um hábito alimentar por mero prazer. As pessoas comem carne porque acham “gostoso” e não querem abrir mão deste “prazer”. Desta forma, é tão errado quanto usar ou matar animais em nome da diversão.

Nós somos agentes morais. Isso significa que temos deveres com os outros seres, especialmente com aqueles que são vulneráveis, como é o caso dos animais. Respeitá-los é um dever civilizatório, simplesmente porque os animais não podem gritar por justiça. Nós temos de cumpri-la.

É verdade que em um longo prazo, a retirada da proteína animal pode trazer algumas complicações, como a baixa do sistema imunológico, infecções e queda de cabelo intensa?

De forma alguma. A viabilidade da chamada dieta vegana é reconhecida por diversas associações especialistas em nutrição, incluindo aqui o próprio CRN (Conselho Regional de Nutricionistas) e a Academia Americana de Nutrição e Dietética, que é a maior associação mundial de profissionais do ramo. Além disso, a ONU já indicou que a dieta vegana é essencial para frearmos as mudanças climáticas.

O consumo de carne processada é associado a diversas doenças e infecções. Ao contrário, uma alimentação vegana balanceada é capaz de fornecer todos os nutrientes adequados. Vários atletas, inclusive, são veganos e possuem excelente desempenho esportivo.

Digamos que eu queira me tornar vegano, sinceramente não saberia muito bem que dieta seguir. Acredita que o governo, assim como a mídia deveriam divulgar alimentos que tenham os nutrientes necessários para quem queira se tornar vegano?

Seria adequado, mas infelizmente o governo possui fortes vínculos com a indústria pecuarista, desta forma, não é de interesse deles divulgar que a alimentação vegana é saudável. No entanto, na internet hoje encontramos farta informação sobre o assunto. O médico Dr. Eric Slywitch possui um canal no YouTube, que pode te ajudar na questão nutricional. Recomendo acessá-lo.

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Fonte: Conews

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