(Português) John Feldmann: “Os laticínios são os piores. Cheguei a preferir que as pessoas comessem um bife do que bebessem um copo de leite”.
ORIGINAL LANGUAGES, 13 Mar 2017
David Arioch | Jornalismo Cultural – TRANSCEND Media Service
“Porque pelo menos a vaca logo estaria livre de sua vida miserável. Com o leite, a situação é outra”.
3 março 2017 – Vocalista e guitarrista da banda de punk rock/ska Goldfinger, o vegano John Feldmann, que já vendeu mais de 34 milhões de discos, é conhecido por usar a música como forma de ativismo em defesa dos direitos animais. Um grande exemplo é a composição “Free Me”, ou seja, “Me Liberte”, que faz parte do álbum “Open Your Eyes”, de 2002. Na composição, ele mostra imagens registradas em matadouros e critica o tratamento dado aos animais explorados pela indústria alimentícia.“Sou um cara muito ocupado e eu costumava comer muito fast-food. Percebi que eu precisava mudar de vida [tornar-se vegetariano]. Decidi fazer o que meu coração dizia. Hoje me sinto mais vivo espiritualmente e sei que estou fazendo a coisa certa. Para mim, se tornou difícil assistir as pessoas comendo carne”, disse em entrevista ao FamousVeggie.com.
Principal compositor da banda Goldfinger, fundada em Los Angeles em 1994, Feldmann defende que atualmente há muitas opções para veganos e vegetarianos, e a internet pode facilitar muito a pesquisa sobre o que comer ou onde comer. Entre as suas especialidades na cozinha estão tacos, torradas francesas e shakes veganos. “Mesmo tendo filhos, eu ainda tenho as mesmas crenças e tudo o mais”, garantiu a Alex Obert, do Journey of a Frontman, em entrevista publicada em 22 de agosto de 2014.
Desde que se tornou vegetariano aos 29 anos, Feldmann decidiu fazer dos direitos animais a sua principal bandeira. Ele é da opinião que, se alguém estiver disposto a ouvi-lo, ele é capaz de passar o dia todo falando sobre a importância dos direitos animais, justificando que a causa se tornou a coisa mais importante da sua vida.
“Mas eu não quero que um garoto pague para ver o nosso show e escute apenas as minhas opiniões. Sou um artista, não um político. É apenas uma questão de dizer: ‘É nisso que acredito. Talvez você possa conferir.’ Sinto que um ou dois minutos em um show de uma hora é tempo o suficiente”, afirmou em entrevista à revista Satya em maio de 2003.
Algumas pessoas podem dizer que a realidade retratada no clipe “Free Me”, da banda Goldfinger não retrata a realidade de todos os matadouros, e que são casos isolados. Porém, para quem pensa assim, Feldmann tem uma mensagem: “A verdade é que isso acontece em todos os lugares e a todo momento. No final dos meus shows, pelo menos 20 jovens me dizem que vão se tornar vegetarianos ou veganos por causa desse vídeo [Free Me], ou da música, ou da nossa banda. Isso é a coisa mais poderosa de todas que conquistei em minha carreira”, declarou.
Questionado sobre o que o motivou a tornar-se vegetariano e mais tarde vegano, ele contou que a sua transformação começou quando, por meio de informações do Instituto Earth Island, de São Francisco, ele soube dos abusos sofridos pelos golfinhos. “Eu disse: ‘Isso é errado, o que posso fazer?’ Então parei de comer atum de empresas que usavam redes [responsáveis pela morte de golfinhos]. A partir daí, comecei a prestar atenção nos circos, de onde vem o couro, coisas assim”, informou em entrevista à Satya.
A mudança maior veio com “Babe”, de Chris Noonan, lançado em 1995. O filme levou John Feldmann a fazer a conexão entre os animais e a origem da comida. “Parei de comer porcos assim que vi o filme. Então todas as outras coisas, como pedaços crocantes de frango que eu mordia, fiquei como: ‘Por que estou comendo isso? O que estou fazendo?’ É tão errado! Naquele tempo, eu não tinha ideia das atrocidades nos matadouros”, justificou.
O impacto foi ainda maior quando descobriu que porcos são espertos como os cães. Depois, ele continuou pesquisando e encontrou muitas filmagens de matadouros. “Aquilo foi horrível. Quanto mais eu buscava, mais eu encontrava. Para mim, os laticínios são os piores. Cheguei a preferir que as pessoas comessem um bife do que bebessem um copo de leite, porque pelo menos a vaca logo estaria livre de sua vida miserável. Com o leite, a situação é outra [o sofrimento é prolongado, já que elas são abatidas somente quando param de produzir leite]”, lamentou à Satya.
Embora tenha sido lançado em 2002, até hoje o vídeo da música “Free Me”, ou “Me Liberte”, em que Feldmann reage contra a indústria da exploração animal ao dar voz aos animais, é considerado um dos hinos dos direitos animais, inclusive sendo usado até hoje por organizações e ativistas de todo o mundo.
Me Liberte
Eu não pedi pra você me tirar daqui
Eu não pedi para ser quebrado
Eu não pedi para acariciar meu cabelo
Você me trata como uma lembrança sem valor
Mas minha pele é grossa
E minha mente é forte
Fui criado como meu pai
Não fiz nada de errado
Então me liberte
Eu só quero sentir o que a vida deveria ser
Eu só quero espaço suficiente para me virar
E enfrentar a realidade
Então me liberte
Quando você vai se dar conta de que
Você está errado
Você não consegue nem pensar por si mesmo
Você não consegue se decidir
Por isso, minha mente é uma jaula
Eu odeio toda a maldita raça humana
Que diabos você quer de mim?
Mate-me se você não sabe
Ou me liberte
Eu só quero sentir o que a vida deveria ser
Eu só quero espaço suficiente para me virar
Porque vocês estão todos ferrados
Algum dia talvez você me trate como a si mesmo.
httpv://www.youtube.com/watch?v=6fayPV5PN6U
Saiba Mais
John Feldmann nasceu em 29 de junho de 1967 e decidiu começar a tocar guitarra aos 16 anos, quando ouviu “Mommy’s Little Monster”, da banda Social Distortion, fundada pelo vegetariano Mike Ness.
Com o Goldfinger, entre os anos de 1996 e 2008, John Feldmann lançou os álbuns “Goldfinger”, “Hang-Ups”, “Stomping Ground”, “Open Your Eyes”, “Disconnection Notice” e “Hello Destiny”.
Referências:
http://www.famousveggie.com/interviews/john_feldmann.aspx
https://journeyofafrontman.com/2014/08/22/on-the-line-with-john-feldmann-of-goldfinger/ –
http://www.satyamag.com/may03/feldman.html
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David Arioch é jornalista, pesquisador e documentarista. Trabalha profissionalmente há dez anos com jornalismo cultural e literário.
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