(Português) De onde vêm os golfinhos dos parques aquáticos?

ORIGINAL LANGUAGES, 3 Feb 2020

David Arioch | Vegazeta – TRANSCEND Media Service

Depois de capturados, os golfinhos são enviados para os intermediários e depois vendidos para empresas que os exploram como entretenimento para turistas. Aqueles que morrem durante a captura são vendidos como carne para consumo.

Aqueles que morrem durante a captura são vendidos como carne.
 (Foto: Ric O’Barry’s Dolphin Project)

28 jan 2020 – No final de semana, o tabloide britânico Sunday People publicou uma matéria informando como os golfinhos vão parar em parques aquáticos e resorts de diferentes partes do mundo, onde os turistas pagam por atividades como “nadar com esses dóceis animais marinhos”.

Como destacado pela publicação também repercutida pelo Mirror, os golfinhos são caçados e capturados em seu habitat. Em um vídeo do Dolphin Project divulgado pelo jornal britânico, esses animais bem inteligentes são golpeados contra as rochas enquanto tentam escapar de seus caçadores.

 “Se o golfinho tiver ‘sorte’, ele terminará em um resort onde milhares de turistas pagarão para nadar com ele ou observá-lo fazendo acrobacias.” Depois de capturados, os golfinhos são enviados para os intermediários e depois vendidos para empresas que exploram esses animais como entretenimento para turistas.

Aqueles que morrem durante a captura são vendidos como carne, assim como muitos golfinhos capturados e abatidos na enseada de Taiji, no Japão, onde muitas vezes o destino é a indústria da carne.

O gerente de campanhas do The Dolphin Project, Tim Burns, diz que os turistas não imaginam quantos animais são mortos para que eles “possam nadar com aquele golfinho que encontram em algum parque ou resort em suas viagens de férias”.

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Atualmente há 3029 golfinhos mantidos em cativeiro e usados como atrações em 336 delfinários de 54 países. São animais confinados a espaços até 200 mil vezes menores do que a extensão de seu habitat, de acordo com a ONG World Animal Protection (WAP).

E se esses animais continuam sendo confinados para apreciação humana é porque há espectadores. No Brasil, por exemplo, a Latam e a CVC Viagens comercializam pacotes que incluem visitas a delfinários.

Ainda que animais em alguns desses parques tenham nascido em cativeiro, a prática continua sendo reprovada por motivos bem óbvios. Em dezembro, por exemplo, uma garotinha de dez anos foi atacada por dois golfinhos no parque aquático Dolphin Discovery, de Cancún, no México. Como consequência, a menina ganhou marcas de mordidas, hematomas e alguns cortes.

O que muita gente ignora é que golfinhos são animais marinhos que necessitam de liberdade e muito espaço para expressar sua inerência biológica, e uma vida em cativeiro, ainda que o animal tenha nascido em confinamento, não altera tal fato.

Um relatório publicado este ano pela organização World Animal Protection destaca que na natureza golfinhos nadam de 50 a 225 quilômetros por dia, e mergulham centenas de metros de profundidade, o que é impossível em parques e aquários, e como consequência isso afeta a saúde dos animais – além de favorecer estresse extremo, comportamentos neuróticos e níveis anormais de agressividade.

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David Arioch é jornalista profissional, historiador e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário.

 

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