(Português) Rússia/EUA/Ucrânia: O que Está em Jogo

ORIGINAL LANGUAGES, 9 May 2022

Federico Fubini, Jeffrey Sachs | Leonardo Boff – Corriere della Sera/TRANSCEND Media Service

3 maio 2022 – Entrevista de Jeffrey Sachs, economista e especialista em desigualdade social, que como poucos articula a economia com a ecologia. Ele críticamente esclarece as posições dos EUA e da Rússia no contexto do conflito na Ucrânia. O que se esconde atrás dessa terrível tragédia que está destruindo todo um país? É importante conhecermos os dois lados para não sermos dependentes só da versão EUA-UE.
— L. Boff

Leonardo Boff

Jeffrey Sachs

 

 

 

 

 

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Jeffrey Sachs é diretor do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nomeado em 2021 pelo Papa Francisco para a Pontifícia Academia de Ciências Sociais, responde com esta entrevista à matéria de 23 de abril em que o Corriere se pergunta se os erros do Ocidente nas relações com a Rússia pós-soviética, que experimentou uma dramática crise econômica na década de 1990, contribuíram para pavimentar o caminho para o nacionalismo revanchista de Vladimir Putin. Sachs foi conselheiro econômico do Kremlin entre 1990 e 1993.

A entrevista é de Federico Fubini, publicada por Corriere della Sera, 01-05-2022 e no Brasil pela IHU de 3 maio 2022.

Eis a entrevista:

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A imposição de sanções cada vez mais duras à Rússia é a linha correta?

Ao lado das sanções, precisamos de uma via diplomática. É possível negociar a paz com base na independência da Ucrânia e excluindo que faça adesão à OTAN. O grande erro dos estadunidenses é acreditar que a OTAN derrotará a Rússia: típica arrogância e miopia estadunidense. É difícil entender o que significa ‘derrotar a Rússia’, já que Vladimir Putin controla milhares de ogivas nucleares. Os políticos estadunidenses têm um desejo de morte? Conheço bem o meu país. Os líderes estão prontos para lutar até o último ucraniano. Seria muito melhor acertar a paz do que destruir a Ucrânia em nome da ‘derrota’ de Putin.

Mas Putin não quer paz. Ele mostrou que não está interessado em negociar e segue com uma guerra total contra a Ucrânia, sem fazer distinção entre militares e civis. Como você acredita que as negociações funcionam em tal situação?

Minha hipótese é que os Estados Unidos sejam mais relutantes do que a Rússia para uma paz negociada. A Rússia quer uma Ucrânia neutra e o acesso aos seus mercados e recursos. Alguns desses objetivos são inaceitáveis, mas ainda assim são claros em vista de uma negociação. Os Estados Unidos e a Ucrânia, por outro lado, nunca declararam seus termos para negociar. Os Estados Unidos querem uma Ucrânia no campo euro-estadunidense, em termos militares, políticos e econômicos. Aqui reside a principal razão para esta guerra. Os Estados Unidos nunca mostraram um sinal de compromisso, nem antes do início da guerra, nem depois.

Você pode fornecer elementos concretos do que está dizendo?

Quando Zelensky lançou a ideia de neutralidade, o governo dos EUA manteve um silêncio de tumba. Ora, eles estão convencendo os ucranianos de que podem realmente derrotar Putin. Mas, justamente, até a simples ideia de derrotar um país com tantas armas nucleares é uma loucura. Todos os dias eu vasculho a mídia para encontrar pelo menos um caso de um representante dos EUA que aprove o objetivo de negociar um acordo. Eu não vi uma única declaração sobre isso.

 Os EUA e a Europa devem discutir com Putin para alcançar a paz ou deveriam esperar o fim de seu regime, porque ele é um criminoso de guerra?

Discutir, certamente. Se querem julgar Putin por crimes de guerra, então devem acrescentar à lista de réus George W. Bush e Richard Cheney pelo Iraque, Barack Obama pela Síria e Líbia, Joe Biden por confiscar as reservas cambiais de Cabul, alimentando assim a fome no Afeganistão. E a lista não termina aí. Não pretendo exonerar Putin. Quero enfatizar que a paz deve ser feita, admitindo que estamos em meio a uma guerra por procuração entre duas potências expansionistas: Rússia e Estados Unidos. Não à toa, fora dos Estados Unidos e da Europa, poucos países estão alinhados com o Ocidente quanto a isso. Apenas os aliados dos Estados Unidos, como Japão e Coréia do Sul. Os outros veem a dinâmica das grandes potências em ação.

 A Rússia, porém, aqui é a agressora, e nem sofreu provocações. Não concorda?

A Rússia começou esta guerra, é claro, mas em grande parte porque viu os Estados Unidos entrarem irreversivelmente na Ucrânia. Em 2021, quando Putin pedia aos Estados Unidos que negociassem o alargamento da OTAN para a Ucrânia, Biden dobrou a aposta diplomática e militar. Não só se recusou a discutir o alargamento da OTAN com Moscou, como garantiu que o compromisso da OTAN a este respeito fosse renovado na cúpula de 2021 e, em seguida, assinou dois acordos com a Ucrânia sobre o tema. Os Estados Unidos também continuaram os exercícios militares e o envio de armas em grande escala. Além disso, é interessante ver como os Estados Unidos e a Austrália estão se arrancando os cabelos por um pacto de segurança entre a China e as pequenas Ilhas Salomão, a 3.000 quilômetros da Austrália. Este acordo é visto como uma terrível ameaça à segurança pelo Ocidente. Como então a Rússia deve se sentir sobre o alargamento da OTAN à Ucrânia?

Então o que você sugere?

Para salvar a Ucrânia, devemos acabar com a guerra e, para acabar com a guerra, precisamos de um compromisso no qual a Rússia se retira e a OTAN não se alarga. Não é difícil, mas os Estados Unidos nem sequer mencionam a ideia, porque são contra. Os Estados Unidos querem que a Ucrânia lute para proteger as prerrogativas da OTAN. Isso já é um desastre, mas, sem uma solução razoável e racional, riscos muito maiores nos aguardam.

O argumento do alargamento da OTAN pode não ser convincente, professor. Antes da guerra, a Ucrânia nem sequer tinha um Plano de Ação para a filiação (um “roteiro”) para a adesão. E o chanceler alemão Olaf Scholz declarou ao Kremlin, na frente de Putin, que a Ucrânia não teria entrado na OTAN “enquanto nós dois estivermos no cargo” (ou seja, pelo menos até 2036). Não parece motivo suficiente para invadir…

Dizer que a Ucrânia não vai entrar parece um expediente estadunidense. Na realidade, os Estados Unidos já estavam trabalhando arduamente para alcançar a interoperabilidade militar da Ucrânia com a OTAN, de modo que, em algum momento, o alargamento se tornaria substancialmente um fato consumado. Como o próprio ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse recentemente, o Ministério da Defesa da Ucrânia já estava repleto de conselheiros da Aliança Atlântica. A ideia de que o alargamento não teria ocorrido é mais uma operação de relações públicas do que uma verdade. É o caminho escolhido pelos Estados Unidos, como mostra em toda política de hoje. O ponto fundamental é que os Estados Unidos se recusam a discutir a questão. Isso já é uma pista.

As sanções devem ser indefinidas ou devem estar vinculadas a resultados tangíveis: talvez prevendo que algumas sejam retiradas se a Rússia aceitar um cessar-fogo ou se retirar da Ucrânia?

As sanções deveriam ser revogadas como parte de um acordo de paz. A guerra na Ucrânia é terrível, cruel e ilegal, mas não é a primeira guerra do tipo. Os Estados Unidos também se envolveram em inúmeras aventuras irresponsáveis: Vietnã, Laos, Camboja, Afeganistão, Irã (golpe e ditadura de 1953), Chile, Iraque, Síria, Líbia, Iêmen. Isso apenas para citar alguns, porque haveria muitos mais. No entanto, os Estados Unidos não foram permanentemente banidos da comunidade das nações. A Rússia também não deveria ser. Em vez disso, os Estados Unidos falam em isolar a Rússia permanentemente. Novamente, é a típica arrogância estadunidense.

 O que você acha das sanções sobre o petróleo e o gás russo em discussão na Europa, para paralisar financeiramente a máquina militar de Putin?

A União Europeia deveria agir de forma muito mais decisiva para favorecer um acordo de paz. Um embargo total ao petróleo e ao gás provavelmente lançaria a Europa numa recessão. Eu não recomendo. Não mudaria o resultado da guerra de forma decisiva e não teria muita influência em um acordo de paz, mas prejudicaria seriamente a Europa.

 Você está preocupado que a inflação possa alimentar o populismo no Ocidente, já que os eleitores culpam as sanções e não a guerra desencadeada por Putin?

Sim, a guerra e as sanções já estão criando dificuldades políticas em muitos países e um aumento acentuado da fome nos países mais pobres, especialmente na África, que dependem maciçamente de cereais importados. Biden também pagará um preço político pelo aumento do custo de vida nas eleições de novembro. Observe que esses choques do lado da oferta estão ocorrendo após um longo período de expansão monetária, portanto, há amplo espaço para a inflação. Espera-nos um período difícil no plano macroeconômico.

Até que ponto os fracassos das reformas durante a era Boris Yeltsin abriram caminho para a ditadura de Putin? Foi um fracasso semelhante ao descrito por John Maynard Keynes em 1919 para a Alemanha?

Fui conselheiro econômico de Mikhail Gorbachev em 1991 e de Yeltsin em 1992-3. Meu principal objetivo era ajudar a União Soviética, depois a Rússia como país independente depois de dezembro de 1991, a superar uma grave crise financeira, de modo a garantir a estabilidade social e melhorar as perspectivas de paz e reforma a longo prazo. Não esqueçamos que a economia soviética havia desmoronado e entrado em uma violenta espiral negativa no final dos anos 1980.Naqueles anos, muitas vezes me referia a “As Consequências Econômicas da Paz“, o grande livro de John Maynard Keynes de 1919. Aquele texto foi provavelmente o mais importante para minha carreira, porque destaca um ponto essencial: para pôr fim a uma crise financeira intensa e desestabilizadora em um país, o resto do mundo deve intervir antes que a situação saia do controle. Isso foi verdade após a Primeira Guerra Mundial: em vez de impor o pagamento de duras reparações ao povo alemão, a Europa e os Estados Unidos deveriam ter se empenhado a cooperar para a recuperação de toda a Europa, o que teria contribuído a prevenir a ascensão do nazismo.

 Você quer dizer que a forma como o Ocidente tratou da Rússia no início dos anos 1990 contribuiu para torná-la uma espécie de República de Weimar 2.0?

Quando propus uma assistência financeira internacional para a Polônia em 1989 – com um empréstimo de emergência, um fundo de estabilização da moeda e a redução da dívida – meus argumentos foram bem recebidos pela Casa Branca e pelos países europeus. Quando fiz as mesmas propostas para a União Soviética sob Gorbachev em 1991, e para a Rússia sob Yeltsin em 1992-3, a Casa Branca as rejeitou. O problema era geopolítico.

Os Estados Unidos viam a Polônia como uma aliada, enquanto erroneamente viam a União Soviética e a recém-independente Rússia como um inimigo. Foi um erro enorme. Quando se trata mal outro país ou é humilhado, cria-se uma realidade que se autorrealiza: aquele país se tornará realmente um inimigo. Obviamente, não há simples determinismo na história, e certamente não num período de trinta anos. O Tratado de Versalhes de 1919, com sua dureza, não causou sozinho a ascensão de Hitler em 1933. Hitler ou alguém como ele nunca teria chegado ao poder se não fosse pela Grande Depressão de 1929 e, mesmo então, sem os terríveis erros de cálculo de Hindenburg e von Papen em janeiro de 1933.

Da mesma forma, os erros financeiros dos Estados Unidos e da Europa em relação a Gorbachev e Yeltsin certamente não ditaram os eventos trinta anos depois. Até mesmo sugerir isso é absurdo. Mas a difícil situação financeira da União Soviética e da Rússia no início da década de 1990 deixou um sabor amargo. Contribuiu para a queda dos reformadores, para a propagação da corrupção e, finalmente, para a ascensão de Putin ao poder. Mas mesmo assim poderia ter se recuperado. No entanto, Putin poderia ter tido uma abordagem de colaboração com a Europa. Um grande problema foi criado pela arrogância dos Estados Unidos, que lançaram o alargamento da OTAN para o leste depois de prometer em 1990 que não o fariam.

Depois também pela ideia absolutamente perigosa e provocativa de George W. Bush de prometer que a OTAN se estenderia à Geórgia e à Ucrânia. Essa promessa, de 2008, deteriorou dramaticamente as relações EUA-Rússia. O apoio estadunidense à deposição do presidente pró-Rússia da Ucrânia Viktor Yanukovych em 2014 e o subsequente rearmamento em larga escala da Ucrânia pelos Estados Unidos também pioraram dramaticamente as relações entre a Rússia e os Estados Unidos.

 Você foi consultor do Kremlin em 1992-93, por meio de seu papel no Instituto de Desenvolvimento Internacional de Harvard. Durante a década de 1990, o “big bang” da liberalização do mercado prevaleceu sobre a construção das instituições e das estruturas da democracia. Foi um erro?

Essas reclamações são conversas acadêmicas, não têm nada a ver com o mundo real. Meu papel em 1990-1992 foi ajudar a Polônia, Estônia, Eslovênia e outros países a evitar uma catástrofe financeira. Esse também era meu objetivo para a União Soviética e a Rússia. Recomendei medidas que provaram ser um sucesso em muitos países: estabilização da moeda, suspensão dos vencimentos da dívida, diminuição do ônus da dívida a longo prazo, empréstimos de emergência, medidas de apoio social também de emergência.

Os Estados Unidos aceitaram esses argumentos para países como a Polônia, mas os rejeitaram em favor de Gorbachev e Yeltsin. A política e a geopolítica, não a boa política econômica, dominavam a Casa Branca. A construção de instituições e as reformas democráticas levariam anos, aliás, décadas. A Rússia nunca havia tido uma verdadeira democracia em um milênio de história. A sociedade civil havia sido destruída por Stalin. Mas, nesse meio tempo, havia uma forte crise financeira acontecendo. As pessoas precisavam comer, viver, sobreviver, ter abrigo sobre suas cabeças, ter assistência médica, enquanto as mudanças de longo prazo seriam introduzidas gradualmente. É por isso que recomendei por muitos anos um apoio financeiro em grande escala à Rússia. E é por isso que continuei citando a lição de Keynes.

 Mas, em retrospectiva, a abordagem da reforma deveria ter sido menos focada na “terapia de choque”?

Mais uma vez, meu papel era lidar com a crise financeira. Eu sabia bem – da Polônia, Tchecoslováquia e outros lugares – que muitas reformas levariam muito tempo. Meu objetivo era prevenir a hiperinflação e um colapso financeiro. Eu nunca falei a favor de uma privatização rápida, por exemplo. Eu sabia que aquelas políticas requerem anos, até décadas para serem concluídas.

É verdade que a Polônia e outros países da Europa Central e Oriental tiveram muito mais sucesso ao aplicar as mesmas receitas que a Rússia. Mas a Polônia recebeu ajuda dos Estados Unidos para estabilização da moeda, depois um fortalecimento institucional e a contribuição da legislação da UE, você não acha?

Claro, esse é o ponto. A capacidade de fazer reformas depende do contexto internacional. Tudo teria sido muito mais difícil na Rússia do que na Europa Centro-Oriental por inúmeras razões de história, política, geografia econômica, custos de transporte, existência da sociedade civil, geopolítica. A dissolução da União Soviética, como a da Iugoslávia, também complicou dramaticamente a situação, acrescentando instabilidade e recessão. No entanto, por todas essas razões, o Ocidente deveria ter estado muito mais pronto para ajudar a Rússia financeiramente, em vez de declarar ‘vitória’ e ignorar a dureza das condições na Rússia.

O problema foi a “terapia de choque” em si ou a recusa da Alemanha em perdoar a dívida externa da Rússia e dos Estados Unidos em fornecer ajuda como para a Polônia? A “terapia de choque” com pouco apoio financeiro externo foi o mix errado?

A chamada ‘terapia de choque’ significava acabar com os controles sobre os preços no início de 1992, como a Polônia havia feito em 1990. A razão era que, com o colapso da economia controlada centralmente, com uma maciça instabilidade financeira e controles sobre os preços, todas as transações aconteciam basicamente no mercado negro. Nem mesmo os gêneros alimentares chegavam às cidades. A desregulamentação dos preços deveria ter sido combinada com apoio financeiro em larga escala dos Estados Unidos e Europa e medidas de política social, como na Polônia. E isso é precisamente o que eu aconselhei, todos os dias. Mas os Estados Unidos e a Europa não ouviram. Foi um fracasso vergonhoso e terrível dos governos ocidentais. Se a estabilização tivesse sido ativamente apoiada pelo Ocidente, teria lançado as bases para os estágios subsequentes de reforma, que por sua vez levariam a outras reformas ao longo de anos e décadas.

Andrei Shleifer, então no Instituto de Desenvolvimento Internacional de Harvard com você, estava encarregado de aconselhar a Rússia sobre o big bang das privatizações. Que relação você tinha com ele?

Meu papel para Gorbachev e Yeltsin era o de consultor macrofinanceiro. Eu dava conselhos sobre como estabilizar uma economia instável. Não era consultor sobre as privatizações. Shleifer, sim. No que me diz respeito, não defendi a privatização com o modelo de vouchers do início da década de 1990 (que criou os primeiros oligarcas, ndr) e não dei conselhos sobre os abusos como ‘empréstimos por ações’ (um esquema concebido em 1995 que permitiu que os oligarcas financiassem a reeleição de Yeltsin em troca de grandes ações em empresas de propriedade estatal a preços reduzidos).

Aconselhei Gorbachev em 1991 e depois Yeltsin em 1992 e 1993 em questões financeiras. Após o primeiro ano de tentativas de ajudar a Rússia, eu renunciei, dizendo que não podia ajudar porque os EUA não concordavam com o que eu estava recomendando. Minha permanência teria sido de apenas um ano, o 1992. Em seguida, foi nomeado um novo ministro das Finanças, Boris Fyodorov. Uma pessoa maravilhosa que morreu jovem. Ele me pediu para continuar como conselheiro para ajudá-lo. Aceitei, relutantemente, e fiquei mais um ano, apenas para renunciar no final de 1993. Foi um período curto e frustrante, porque fiquei profundamente frustrado com a negligência e incompetência tanto da Casa Branca de Bush pai em 1991-1992, como da Casa Branca de Clinton em 1993.Quando soube que Shleifer estava fazendo investimentos pessoais na Rússia, despedi-o do Instituto de Desenvolvimento Internacional de Harvard. Naturalmente, eu não tinha nada a ver com suas atividades de investimento ou seus conselhos sobre as privatizações russas. Tampouco recebi um único copeque pelo meu trabalho, nem um único dólar. Minhas consultorias para os governos, desde o início há 37 anos na Bolívia, nunca previram uma compensação além do meu salário acadêmico. Não aconselho os governos para obter ganhos pessoais.

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Leonardo Boff é um escritor, teólogo e filósofo brasileiro, professor emérito de ética e filosofia da religião da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, recebedor do Prêmio Nobel Alternativo da Paz do Parlamento sueco [Right Livelihood Award]em 2001, membro da Iniciativa Internacional da Carta da Terra, e professor visitante em várias universidades estrangeiras como Basel, Heidelberg, Harvard, Lisboa e Salamanca. Expoente da Teologia da Libertação no Brasil, foi membro da Ordem dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos. É respeitado pela sua história de defesa pelas causas sociais e atualmente debate também questões ambientais. Colunista do Jornal do Brasil, escreveu os livros Francisco de Assis: Ternura e Vigor, Vozes 2000;  A Terra na palma da mão: uma nova visão do planeta e da humanidade,Vozes 2016;  Cuidar da Terra – proteger a vida: como escapar do fim do mundo, Record 2010;  A hospitalidade: Direito e dever de todos, Vozes 2005; Paixão de Cristo, Paixão do Mundo, Vozes 2001; Brasil: Concluir a refundação ou prolongar a dependência, Vozes 2018; “Destino e Desatino da Globalização” em: Do iceberg à Arca de Noé, Mar de Ideias, Rio 2010 pp. 41-63.

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