(Português) Bhakti Yoga: Em Busca de Um Amor Perdido
ORIGINAL LANGUAGES, 21 Jan 2013
Radhanath Swami – TRANSCEND Media Service
A Mãe Natureza está sempre a falar. Ela fala numa língua compreendida dentro da mente pacífica do observador sincero. Leopardos, cobras, macacos, rios e árvores, todos eles serviram como meus professores, quando eu vivi como um viajante no sopé dos Himalaias. Eles compartilhavam o tipo de lições que elevam o espírito.
Uma lição particularmente esclarecedora da floresta vem na forma do cervo-almiscarado dos Himalaias. O cervo-almiscarado é referenciado em poesia e filosofia Sânscrita, devido ao seu comportamento peculiar. Valorizado pela indústria de perfumes pelo seu aroma excecional, almíscar é um dos produtos naturais mais caros do mundo, alcançando mais do que três vezes o seu peso em ouro. O aroma de almíscar é tão sedutor que quando o nariz sensível do cervo-almiscarado macho o sente no vento, ele percorre a floresta dia e noite em busca da sua fonte. Ele esgota-se numa busca infrutífera, sem perceber a ironia amarga: a doce fragrância que ele estava perseguindo não residia em nenhum lugar, mas dentro de si. O almíscar é produzido por uma glândula no umbigo do próprio veado: ele estava procurando fora, o que estava sempre dentro de si mesmo.
Os sábios da Índia encontraram no cervo-almiscarado uma descrição apropriada da condição humana. Nos somos todos criaturas em busca de prazer numa floresta de algum ou outro tipo – repleta de prazeres e perigos também. Além disso, somos propensos ao mesmo tipo de loucura como o cervo: buscamos a nossa felicidade externamente. Confundindo as nossas verdadeiras necessidades, erroneamente igualamos a nossa realização e auto-estima com posses, posições, e emoções mentais e sensuais. Muitas vezes somos arrastados para relações superficiais que têm a promessa de satisfação duradoura, mas que nos deixam a sentir vazios.
O verdadeiro tesouro está dentro de nós. É o tema subjacente das músicas que cantamos, dos espetáculos que vemos e dos livros que lemos. É tecida nos Salmos da Bíblia, nas baladas dos Beatles, e praticamente em todos os filmes de Bollywood alguma vez produzidos. O que é esse tesouro? Amor. O amor é a natureza do Divino. Sob a cobertura do falso ego está oculto o tesouro.
O propósito da vida humana é descobrir esse amor divino. A satisfação que todos nós estamos à procura é encontrada na partilha desse amor.
O poder do amor é muitíssimo profundo. Tem vários níveis. No seu sentido mais imperfeito, a palavra amor refere-se a atos de intimidade física, e sua influência na sociedade é óbvia. Mas a um nível mais profundo, mais emocional, não simplesmente do corpo, mas do coração, não há poder maior do que o do amor. Por uma questão de dinheiro e prestígio, pode-se estar disposto a trabalhar longas horas, fins-de-semana e até ferias. O amor de uma mãe, por outro lado, é altruísta e incondicional. Não há nada que ela não faça para o bem-estar de seu filho, e não pede nada em troca.
Quando o amor é puro ele tem o poder de conquistar. Amante e amado conquistam-se um ao outro pelo seu afeto. A fonte, a essência, a máxima manifestação do poder de conquista do amor é o amor da alma pela alma suprema, ou Deus. Os sábios que escreveram textos sagrados da Índia descobriram que a mais surpreendente de todas as maravilhas de Deus era a Sua vontade e avidez não só de ser tocado pelo nosso amor, mas de ser conquistado por ele. O cultivo desse amor adormecido é chamado o caminho de Bhakti (devoção). Este amor está dentro de todos nós. É o maior de todos os poderes, porque é o único poder que pode conceder a realização das mais altas verdades e o único poder que pode revelar a mais profunda satisfação interior nas nossas vidas. Com a força deste amor podemos vencer a inveja, orgulho, luxúria, ira e ganância. Não há outros meios de conquistar estas doenças dentro de nós.
Aquele que ama Deus vê tudo em relação a Deus. Portanto, seu amor flui espontaneamente para com todos, a todo o momento, em todas as situações. Até amam aqueles que lhes desejam mal. Se você ama Deus, não consegue odiar algo ou alguém. Se o amor que se oferece é recebido com ódio, o amor não morre, mas se manifesta na forma de compaixão. Isso é amor universal. Não é apenas um sentimento. Não se pode manifestar simplesmente com uma mudança de disposição mental. Só pode vir de limpeza interior, de um despertar interior. Então esse amor se torna a realidade da vida.
Esta purificação interior é o objetivo de toda a prática espiritual. Toda a oração oferecida, mantra cantada, ou ritual praticado deve ter a finalidade de remover as impurezas que impedem o pleno florescimento do amor incondicional e compaixão. Este é o único caminho para a paz, tanto individualmente como coletivamente. Quando o nosso amor intrínseco for desperto e as nossas qualidades divinas brilharem, não só vamos encontrar o prazer que temos estado à procura, mas também tornar-nos-emos poderosos agentes de mudança no mundo. Estamos todos em busca, vagando pela floresta, como o cervo-almiscarado, à procura dos prazeres externamente. Quando reconhecermos o que realmente estamos à procura e começarmos à procura do amor perdido dentro de nós, nesse momento, a verdadeira viagem da vida humana começa.
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Tradução: Mataji Natália Rita.
Radhanath Swami é fundador e diretor do ashram e templo de Radha Gopinath em Mumbai, India.
Original em inglês: Bhakti Yoga: In Search of a Lost Love.
Tags: Bhakti Yoga, God, Hinduism, Krishna, Krishna Consciousness, Radhanath Swami, Religion, Spiritual Science, Spirituality, Vedas, Vedic Culture, Vedic Science, Vedic literature
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